Tradições
Capeia Raiana – no dia a seguir à festa de Nª. Sr.ª dos Milagres. Neste dia é costume realizar-se o encerro dos touros, a cavalo, a festa reúne milhares de pessoas que permanecem até à tarde para verem “pegar ao forcão”.
O Madeiro – que consiste numa fogueira, no Largo do Enxido, na noite de Natal, da responsabilidade dos mordomos encarregues da organização da capeia.
A Capeia do Carnaval – organizada, atualmente, pela Junta de Freguesia, com o apoio de toda a população. Dos festejos carnavalescos fazem parte o desfile e o Baile de Máscaras.
O corte do forcão – no Domingo de Páscoa. O forcão é uma armação triangular, construída em madeira de carvalho cuja função consiste em oferecer uma proteção aos jovens contra as investidas do touro. O manejamento deste instrumento tem técnica própria: a arte de pegar ao forcão.
Pagamento do vinho – quando um rapaz “de fora” queria casar na terra, tinha de pagar aos moços da aldeia um ou dois cântaros de vinho.
A matança do porco – já não é tão frequente mas ainda persiste, na maioria das existentes o porco é comprado na altura da matança e não criado desde cedo com restos de comida, farelo e legumes cultivados pelos donos – “vianda”.
Capeia Raiana
Embora não se possam definir com precisão as origens da capeia não custa acreditar que tem influências dos vizinhos espanhóis, de um e outro lado da raia há uma partilha de um passado comum. A proximidade da fronteira exercia nos habitantes da raia uma influência nos hábitos alimentares, na linguagem, no vestuário e nos costumes. As primeiras capeias arraianas, começaram no séc. XIV com vacas cedidas gratuitamente pelos espanhóis das aldeias vizinhas.
Aos poucos o hábito foi-se enraizando. Desde há muitos anos, durante os meses de verão, realizam-se capeias na maioria das povoações do concelho do Sabugal. No início as capeias eram feitas com recurso ao gado espanhol.
O encerro dos touros com o auxílio de cavalos, realizado durante a manhã, é outra das tradições que reúne milhares de pessoas que permanecem até à tarde para verem “pegar ao forcão”. Logo após o encerro é experimentado um touro – “boi da prova”.
A capeia decorre no Largo do Enxido e continua a ser o espectáculo favorito, novos e velhos continuam a vibrar com esta tradição. No início os mordomos “pedem a praça” – requerer autorização para o início da capeia, habitualmente a uma pessoa natural da aldeia que merece essa distinção pelo seu prestígio ou posição social.
Outro dos rituais associados à capeia é “O Passeio”, realiza-se no dia da festa, os mordomos (um com uma espada e outro comuma bandadeira), seguidos de duas filas de jovens, munidos de “alabardas”, percorrem a aldeia acompanhados do tamborileiro e da banda de música. O mordomo que transporta a bandeira multicolor agita-a, apenas com uma das mãos, por cima da cabeça, durante alguns minutos, ao som do tambor – chama-se “bandear”.
O forcão é o elemento fundamental nesta manifestação popular, que dá originalidade às touradas da raia. É uma armação triangular, construída em madeira de carvalho cuja função consiste em oferecer uma protecção aos jovens contra as investidas do touros.
A origem do nome está ligada à palavra latina “furca”, da mesma família da forquilha.
Cortar o forcão faz parte do ritual da capeia. A madeira para a elaboração tem de ser preparada antecipadamente, no Domingo de Páscoa, que depois é colocada a secar.
O vértice é o rabiche, espécie de leme, onde ficam os mais altos, servem de rabicheiros ou rabejadores, para dirigirem o forcão e evitarem que os bois passem para trás.
Os lugares mais perigosos são as galhas, são o ponto mais importante e sensível, é onde o touro investe com violência. Pegar à galha exige coragem e técnica.
O manejamento deste instrumento tem técnica própria: a arte de pegar ao forcão.
No tempo em que não haviam tractores, nem estruturas metálicas para criar uma praça de touros, a praça era vedada com carros de vacas apinhados de madeira, e construíam-se estruturas de carvalho e pinheiro, sobre os quais se colocavam tábuas onde se sentavam as pessoas.